sábado, 12 de junho de 2010

Sobre a chuva e o vento.

Um emaranhado de sentimentos alcançou-me hoje, me fazendo sentir saudade da chuva. Lembrei de quando eu ainda morava com meu pai, e sempre me deitava olhando para o infinito da janela enquanto o vento se encarregava de trazer a chuva. Assoviando levemente entre as folhas do jardim.
É engraçado que esse sentimento me tenha ocorrido agora, afinal, hoje eu poderia escrever sobre varias outras coisas. Mas sinceramente, quando isso tudo me ocorreu, esqueci todos os outros tópicos do dia.
Queria poder refrescar-me a memória e sentir aqui dentro, lá onde esquecemos os detalhes que por algum motivo não são tão importantes, essa saudade imensa. Queria hoje, em troca de qualquer coisa, poder estar no meu quarto, como fazia imperceptível e ate involuntariamente, naqueles finzinhos de tarde, quando o céu já estava escuro, e poder ouvir os primeiros pingos da chuva que caiam doloridamente na janela fazendo aquele ‘tac- tac’ sonolento. Sentir chegar um frio que fazia-me encolher para baixo do cobertor, e sentir o cheiro da chuva nas plantas, e em todo o resto. Toda aquela tranqüilidade tão pouco apreciada. Ah, como eu queria poder estar olhando aquela parede semi-cinza, como eu queria poder dar mais um daqueles típicos ‘boa noite’ pro meu pai. Ocorreu-me de ligar para dizer boa noite a ele agora. Mas não me traria novamente aquelas sensações.
Quem dera eu poder novamente ter tempo, janela, e chuva para apreciar aqueles sentimentos. Sentimentos esses que a chuva me causava. Mas os sentimentos nunca são iguais não é mesmo?
Talvez hoje, pelo cansaço, eu deixaria passar por despercebido tudo o que aqui está descrito.
Mas sinto uma vontade enorme de pegar todas as antigas folhas de calendário, voltar os ponteiros do relógio com o dedo, e estar uma outra vez em casa. Queria correr, para algum lugar dentro de mim, onde tudo aquilo ainda está intacto. Assim como as sensações daquelas chuvas.
E é escrevendo que consigo algo bastante próximo a essa minha vontade. Talvez as palavras sempre me salvem de mim mesma.


- Minha eterna maneira de escorrer sentimentos.
Brasilia, sábado 12 de junho de 2010. 00:38

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